Pupunhas & Café: delícias!Imagem reproduzida do Coisas da Cozinha |
Não tenho dúvida alguma de que a Literatura e as suas expressões, tanto na prosa ou no verso, têm esse poder espetacular; ela remexe as referências históricas pessoais e, se o poeta, cronista ou romancista é muito bom, conseguirá fazer emergir com as suas descrições e relatos a História de um povo, de uma região. Pode ser a da minha saudosa Amazônia, tal como faz magistralmente o Paulo Nunes (Cultura Pará). Acompanhe:
Pupunheiro
O sol fala o roto do rendilhado
e o pupunheiro
- de tabuleiro na mão -
vende pupunha fresquinha
por menos de um tostão
- Pupunheeê cozideeê
Verde vermelha ou amarela
o pupunheiro
casca descasca casca
e impressiona de prosa
a venta da freguesa acesa
- Freguesa, freguesa,
beleza se pões na mesa!...
Um lote por um real
bom barato e legal
o vendilheiro enfeita o pavão:
-pupunheeeê por um tostão!
Nas quinas da minha cidade
Mês d'abril, maio e junho
haja fome
haja cheiro
pra comer tanta pupunha
E é por isso que
a vida lá
Faça chuva faça sol
nas ruelas, vilas e praças
a gente gosta de escutar
Pupunheeê cozideeeê!...
(Paulo Nunes, O Mosquito qu'engoliu o boi. Belém: Paka-Tatu, 2002)
Pupunhas são vendidas em tabuleiros, lá na Amazônia- Foto do blog do Domisterco Fernandel |
Preste muita atenção! - Aqui no Sul e Sudeste vejo a calculada disseminação comercial do palmito da pupunheira, ali pelos restaurantes urbanos, inclusive nos shoppings. Quando olho para as bandejas com as rodelas do palmito e sei da procedência, logo penso assim: ai, ai, ai, tomara que não acabem com os pupunhais! É preciso plantar muitas pupunheiras para que não sejam dizimadas. Diante da ganância desenfreada de tantos e da conivência escancarada com desmatadores, todo o cuidado ainda é pouco, meu caro patrício. Quero ficar bem velhinha e, lá no meu Pará, ouvir o vendedor dizer a frase encantadora pupunheeê cozideeê... muitas vezes mais.
Até a próxima!
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