terça-feira, 27 de setembro de 2011

O jogo do Caxangá nas escolas públicas

                                                                          Escravos de Jó
                                              Jogavam caxangá
                                                                 Tira, põe, deixa o Zé Pereira, entrar.
                                 Guerreiros com guerreiros
                                                                 Fazem o zigue-zigue-zá.( bis)
                         
Por mais que expliquem não conseguirão afastar a minha indignação, porque uma decisão de gabinete que estabelece a diminuição da carga horária de Português e de Matemática nas escolas públicas paulistas, é inconcebível. Veja a razão da minha incontida raiva: Governo de São Paulo corta aulas de Português e Matemática......(Folha.com, hoje)

Subtrair o direito das crianças e jovens de melhor preparo às habilidades de ler, de escrever e  de articular com êxito as operações matemáticas é estampar, sem dissimulação alguma, uma das intenções da gestão administrativa - é brincar, mexendo aqui e ali as peças do aparato público, para jogar o Jogo do Caxangá às avessas! Quando expressei em tweet a minha indignação, o Castilho, atento leitor logo arrematou com crítica objetiva: "(...) gostei, pra mim não cortou, priorizou." Ele tem razão.

O remédio: o (e)leitor retirar as velhas raposas da política.no Brasil- arq. pessoal


Tomara que o exemplo não alcance as secretarias de educação pelo Brasil afora; se todos os governos apreciarem o exemplo paulista, pobres crianças e jovens brasileiros. Depois, aparecem aquelas manchetes óbvias na imprensa acerca do insucesso dos matriculados na escolas públicas.

A minha experiência com egressos, tanto da rede pública, quando da particular, me autoriza a temer a medida de gabinete explicitada acima. Pouco estudantes conseguem ler um texto em Língua Portuguesa e dele fazer um resumo satisfatório.  Sem a consolidação das habilidades com a leitura e a escrita, além da necessária articulação das operações matemáticas, a sociedade terá diante de si uma geração de crianças e jovens em coro a dizer sei lá, não tô nem aí, peraí..., vou pega a calculadora meu.., ôloco... não entendi nada profe, tô maus, mermão! Concorda comigo, leitor?

Enquanto a coisa acontece na oralidade, menos mal, uma vez que a língua oral é assim, cheia de modismos, expressividades e concessões às circunstâncias entre interlocutores contextualizados, mas quando o resultado da medonha subtração dos conteúdos encontrar exemplos nos cadernos escolares e situações comumente presentes na seleção ao mercado de trabalho, nem sei se escreverei um ah...eu disse ou o famoso lamento interjeitivo ai, ai, ai, ai, meu Brasil brasileiro

Diga lá! - Talvez, o leitor não queira saber, mas eu escrevo, porque o blog é meu: é preciso tirar as raposas da política e intermediar a oportunidade a quem deseja fazer mudanças efetivas na educação pública, mas sem tirar nada de quem já  não tem nem o mínimo. Professores, pais de alunos na escola pública e egressos do ensino médio têm a palavra para confirmar ou contestar tudo o que escrevi acima.

Até a próxima!

Um comentário:

  1. Doralice

    O que mais me chamou a atenção na referida reportagem da Folha é que o currículo do Ensino Médio será alterado. Começando pelo terceiro ano, os estudantes poderão optar por um entre três currículos disponíveis, cada um dando ênfase a uma área específica do saber. Nunca me agradou essa ideia do currículo único, principalmente no Ensino Médio. Vejo duas questões a se considerar sobre esse assunto, primeiramente, o currículo único acaba “nivelando” todos os alunos por baixo, e segundo, não oportuniza o jovem a pensar, planejar e fazer suas próprias escolhas.

    Considero o nivelamento por baixo porque quem não gosta de matemática não vai aprender a além do básico, e quem realmente gosta não vai conseguir desenvolver plenamente toda sua capacidade, pois o currículo sendo único tem que contemplar a todos, portanto fica na média. Ocorre que essa média não é boa para quem não gosta da disciplina e também não satisfaz quem gosta, daí o nivelamento por baixo. O jovem pode não se interessar por matemática, o que não é defeito, mas com certeza ele terá interesse e gostaria de desenvolver suas habilidades em uma outra área qualquer. O que defendo aqui é dar ao aluno condições de satisfazer plenamente seus interesses. Já pensou um grupo de alunos estudando seriamente a matemática? Indo além do básico e da média do currículo oferecido a todos? Que belo engenheiro estaríamos preparando! Usei como exemplo a matemática, mas claro, poderíamos pensar em qualquer outra área do saber. Por que um jovem que adora ler e escrever deveria se preocupar com funções logarítmicas? Que tal dar a ele o máximo desenvolvimento possível no domínio das letras? Que belo escritor estaríamos preparando! Será que esse currículo único do Ensino Médio ao final de três anos não forma jovens no “ouvi falar”? Saber ele não sabe, mas já “ouviu falar” em funções logarítmicas, escolas literárias, rizomas, mitocôndrias, e etc. Sabe tudo, mas não sabe nada. Chego a pensar em quantos bons engenheiros, cientistas, arquitetos, escritores, jornalistas, romancistas, biólogos, sociólogos, músicos, pintores, etc, deixamos escapar.

    O outro ponto a favor da liberdade de escolha curricular, é deixar que o jovem faça suas escolhas e compreenda as consequências que elas trazem, que perceba que a partir de agora, pouco a pouco, ele passa a ser cada vez mais responsável por sua vida.

    Enfim, professora, esse assunto é muito interessante e por si só daria muitas e muitas teses, tanto a favor quanto contra, Eu, de minha parte, deixo aqui essa simplória contribuição.

    Abraço
    Renato

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