quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Quem quer ser professor atualmente?

A resposta ao título da minha postagem raramente encontrará afirmativa de candidato dedicado à licenciatura. Selecionar futuramente ou contratar um professor competente, desses que mergulha na disciplina escolhida para realizar injunções de toda ordem à prática profissional, será uma raridade.

Sei o que é abrir mão de anos de trabalho na rede municipal, estadual ou federal, principalmente após um concurso seletivo e do aceno de estabilidade funcional, mas é inconcebível ver profissionais presumivelmente qualificados, ali sob a chuvarada de ontem, por exemplo, para compartilhar reclamos. A reportagem (Fernanda Trizotto e Vitor Geron, na Gazeta do Povo) mostra os detalhes.

Eu quero saber, entretanto, o que significa em R$ o percentual de 5,83%, a ser pago em duas parcelas, oferecido aos professores estaduais, aqui no Paraná. Se haverá um impacto na folha de pagamento algo precisa ser feito, porém manter a redução das condições dignas para trabalhar na educação pública é inadmissível. Esquecem os governantes de que a educação pública é o maior legado de um administrador; as gerações futuras lembrarão das ações de justiça à educação das crianças e jovens.

Reproduzi a reportagem para ler com meus alunos; conscientizá-los é o caminho coerente. arq. pessoal

As paralisações constantes e a insatisfação não apenas dos profissionais envolvidos, mas também dos pais descontentes das crianças e jovens matriculados nas escolas públicas, parecem não fazer qualquer diferença na rotina administrativa do governos municipais e estaduais pelo Brasil afora. A ideia de "recuperar o tempo perdido" com aulas extras e cumprimento do calendário letivo é pouco convincente ao leitor ou aos pais dos estudantes.  Retrata a enganação e a falta de transparência das ações. É honesto e congruente assumir a verdade desse fato.

Reposição das perdas- Não se recupera nada daquilo que nem aconteceu; gasta-se mais tempo com algo que deveria ter sido executado no devido tempo. As perdas materiais são calculáveis, mas e os prejuízos à educação pública? Quantas crianças terão interrompidos o processo de aprimoramento da leitura e da escrita, do domínio das operações matemáticas? Quantos jovens no terceiro ano do ensino médio ficarão privados da programação supostamente presente nas provas do Enem? Vê-se, portanto, os porquês das famigeradas cotas. É o remorso histórico pela subtração da qualidade do ensino público. Anos, décadas de insensibilidade tratados com uma canetada apenas. A questão do mérito foi bem ali dar uma voltinha e ficou perdida.

O que declaram os prefeitos, os governadores e a presidente diante das greves no ensino público brasileiro? Será que as declarações exercem atração máxima e conseguirão seduzir jovens ao magistério? Du-vi-do. A greve é um recurso lamentável adotado pelos profissionais da educação, mas as ações das administrações públicas ainda não substituem os reclamos dos professores em satisfação ao avistar o contracheque, o número menor de alunos em sala de aula e  de um plano de carreira digno, ao lado da segurança oferecida para trabalhar na educação das crianças e jovens no Brasil.

Sem dúvida alguma - Para atrair talentos à educação será preciso tratar bem o professor de hoje, especialmente o que trabalha com o ensino fundamental ou médio. O leitor concorda comigo? Crianças e jovens que avistem um profissional da educação feliz e integrado ao seu trabalho será a melhor propaganda de que trabalhar no magistério é um espetáculo! Do contrário, talvez, os Municípios e Estados contratem futuramente alguns robôs ou ledores de material apostilado. Não encontrarão mais professores ou educadores dispostos a reger classes numerosas em troca desse tratamento vip atualmente em cartaz. 

Até a próxima!

Um comentário:

  1. A profissão de professor se tornou realmente pouco atrativa em termos de carreira. Quantas vocações poderão se perder? Abç.

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