sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Belo texto; é exemplar, leitor!

Ontem à noite estava arrumando algumas pastas quando vi uma preciosa folha com um exercício de interpretação; era um antigo material que eu usei lá pelos idos do começo de 90. Eu ainda trabalhava no Colégio Rio Branco, lá em Campinas. Transcrevo o excerto de apoio, caro leitor. Quero compartilhar a preciosa orientação. Leia-o com atenção e repasse-o, se puder. Ajudará a melhorar o vocabulário de todos, além de exibir amostra de clareza expositiva, pontuação variada e apurada correção sintática. Inscritos nos concursos públicos obterão grande auxílio na orientação segura e distinta de Othon M. Garcia.

Reprodução via Google
 
Como enriquecer o vocabulário

Há vários modos de enriquecer o vocabulário; o mais eficaz, entretanto, é aquele que se baseia na experiência, isto é, numa situação real como a conversa, a leitura ou a redação.

É através da língua falada de um modo geral, inclusive a que se ouve no rádio, na televisão e no cinema, que se forma grande parte do nosso léxico ativo. As crianças e os incultos que não se dediquem a atividades intelectuais - só execepcionalmente recorrem ao dicionário, e se o fazem é a posterior: quer dizer, não em busca de palavras novas, mas à procura do sentido de palavra ouvida ou lida.

Entretanto, a leitura atenta de obras recomendáveis, a leitura que se faz, literalmente, de lápis na mão para sublinhar as palavras desconhecidas e, depois de consultar o dicionário, anotar-lhes o significado, esse é sentido das palavras assim conhecidas, para transformá-las em vocabulário ativo, urge procurar empregá-las. Só assim elas se incorporam, de fato, aos nossos hábitos linguísticos.

Daí a importância da redação sob as suas mais variadas formas: a composição livre propriamente dita, a paráfrase, a interpretação escrita, os resumos, as ampliações, a mudança no torneio das frases, as traduções.
(...)
Quaisquer que sejam, porém, os exercícios para o aprimoramento do vocabulário, é óbvio que o dicionário constitui, por assim dizer, a última instância, a que ecorremos sempre que desejamos saber o sentido  exato das palavras. Em si mesmo, entretanto, o simples manuseio dos léxicos, dissociados de situações reais, nem sempre nos traz grande proveito...A verdade é que as palavras procuradas nos dicionários só se incorporam de fato aos nossos hábitos linguísticos quando as ouvimos ou lemos. Listas de palavras, resultantes de leitura corrida nos dicionários, podem não ser de todo inúteis, mas o que delas nos fica não paga o tempo expendido; valem quase tanto quanto o passatempo das palavras cruzadas.

( OTHON M. GARCIA, Como enriquecer o vocabulário. Comunicação em  prosa moderna: aprendendo a pensar e a escrever. 2. ed. Rio de Janeiro. Fundação Getúlio Vargas, 1969)


Até a próxima!

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