quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Conversa à margem da vida e da...

                                     " Quando eu morrer, não quero choro, nem velas, quero uma..."
  
Não sei se o leitor já parou para pensar no dia da sua morte, desencarne, partida final ou como quer que chamemos o nosso último dia de vida. Ontem à noite, enquanto eu regava com água as plantas, ali no meu jardinzinho doméstico, o telefone tocou. Corri para atendê-lo. Vinha lá de Manaus a notícia: um dos meus cunhados acabara de falecer. O verso acima ( desconheço o autor; que pena...) e a notícia familiar tão próxima ajudarão a  estabelecer a nossa conversa, caro leitor.

Exemplo- Cunhados não são parentes; são agregados à família natural, mas são pessoas que convivem conosco. Constroem uma sequência de atitudes gentis com a família. Fiquei tristemente comovida com a notícia do desencarne daquele gaúcho, elevado à categoria honrosa de manauara assumido. Partiu em silêncio, vitimado pela esclerose e complicações ósseas adquiridas pela vida de tombos e tropeços comprometedores.
 
Ofereça flores em vida para jamais levá-las aos seus afetos apenas no último dia de vida-  Meu roseiral doméstico, Curitiba,  arq. pessoal
 Lembranças - O que deixaremos para os demais que ficam aqui, leitor? Trabalho com as providências de um enterro ou cremação do corpo físico? Lembranças queridas? Experiências hilárias que emergiram com as nossas demonstrações de (des)compromisso com a vida familiar? Poemas, tal como fez o Manuel Bandeira? Zangas e danações de alma errante? Virtudes não reconhecidas? Desenganos entristecedores?

Obituário - Penso constantemente na herança que deixarei à minha filha, ao pai dela, aos meus familiares distantes e aos poucos amigos e conhecidos simpáticos. Nada de herança financeira. Ela inexiste, meu caro leitor. Reflito sim sobre a herança de experiências felizes, dignas da boa lembrança, na que exibirá o desvencilhamento dos problemas e do desprendimento dos bens materiais.

Fazer o quê? - O que eles poderão fazer com o meu corpo físico? Nossos aglomerados de órgãos sadios ou judiados pelo esforço diário cumprem o seu destino durante décadas. Uma hora qualquer entrarão em colapso natural ou acidental. O que fica perene, leitor? Alma, espírito, boas lembranças? O que dirá o meu obituário familiar?

O tema central das postagens do NaMira não está hoje para os que têm medo do último dia das suas vidas. Será o seu caso, leitor? Lamento desapontar, mas tenho necessidade de registrar as reflexões acima porque seria incoerência da minha parte não inclui-las na conversa diária.
 
Até a próxima!


Um comentário:

  1. Eu acho uma coisa, só tem medo da morte aquele que não aproveita pra viver sua vida ou não a vive bem.

    Eu espero morrer feliz..

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