Durante os meus trinta e tantos anos de diplomacia algumas vezes vim ao Brasil, com licença. O mais do tempo vivi fora, em várias partes, e não foi pouco. Cuidei que não acabaria de me habituar novamente a esta vida de cá. Pois acabei. Certamente ainda me lembram coisas e pessoas de longe, diversões, paisagens, costumes, mas não morro de saudades por nada. Aqui estou, aqui vivo, aqui morrerrei.
( Memorial de Aires, Machado de Assis, Obras Completas, Volume1, Ed. Nova Aguilla, 1979, p. 1097)
No interessante excerto o Conselheiro, um diplomata de carreira no roteiro realista do querido escritor, destaca alguns aspectos da experiência vivida - e, aqui entre nós, ela conserva uma semelhança extrema com o que eu sinto diante da escolha para morar em Curitiba. Há, no entanto, uma diferença entre o desejo do personagem e o meu: se puder decidir, ah...quero morrer entre os meus familiares, lá em Belém. Não é exagero dizer também que morro de saudades por muitas razões: as comidas, os passeios e a proximidade real com os familiares e locais queridos. Uma leitura vertical do NaMira alinharia textos e imagens gostosíssimos, a começar com aquele tacacá. Experimente rolar a barra, à sua direita, leitor. Depois? Continue a leitura, afinal, quero conversar com você.
A bela visão da Praça Batista Campos mora na minha saudade de Belém- Foto: Sérgio Bastos- reprodução autorizada |
Você não vê, mas pinguei um pouco de molho de pimenta com tucupi no delicioso camarão empanado acima, ahahahah...- Aplacando a saudade do Pará, arq. pessoal |
Entre um personagem da literatura e a vida real percebemos muitas semelhanças, mas a poderosa vida que há nos que têm um coração pulsante e voz ativa, ela não deixará que aquele, morador das páginas submissas, vença a parada. Nós podemos mais, sempre mais, não é mesmo, leitor?
Interaja- Tem saudades da sua cidadezinha natal, meu caro interlocutor? Poderia descrevê-la para mim? Uma frase ou pequeno parágrafo já me deixariam feliz.
Até a próxima!
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