quarta-feira, 18 de maio de 2011

Por uma vida melhor? Não acho...

Não sei se o  leitor sabe que o Programa de Educação de Jovens e Adultos faz um aligeiramento do Ensino Fundamental; os estudantes, matriculados no programa governamental cumprem os seus compromissos escolares em 2 anos. Repare, também, em um detalhe recente: o ensino fundamental regular é cumprido em 9 anos. Professores vinculados na rede pública na ativa poderão confirmar os detalhes.

Não creio que a professora Heloisa Ramos tenha má intenção ao prestigiar uma variante da oralidade em LP. Não posso fazer, entretanto, uma análise da obra da colega, sem tê-la nas mãos para examiná-la inteiramente. O que sei sobre a polêmica em torno do livro afirma que é tolerante com inadequações ligadas à concordância entre as palavras, segundo as notas veiculadas na imprensa. Os recursos textuais, entre eles a concordância entre as palavras, são imprescindíveis à comunicação ajustada às exigências sociais.


Imagem: Google
 
Atente - Ontem ouvi e li algumas considerações sobre o livro, recomendado pelo MEC ao Programa do EJA. Elas estão na dupla de links a seguir; merecem atenção, porque são relativamente ponderadas e não promovem controvérsias na cabeça do leitor; fazem sim com que reflita sobre a responsabilidade da escola na formação do estudante, independente se está vinculado ao EJA ou ao programa regular do EF na rede pública ou particular de ensino.

Sergio Nogueira comenta polêmico livro...(Bom dia, Brasil, hoje)

"Não sei se algum professor da rede pública...." (Helio Schwartsman, Folha.com)

Fiquei imaginando se você consideraria oportuno que a escola do seu filho indicasse o livro como apoio às aulas de LP. Você compraria a obra? Eu, sinceramente, não compraria. Sabe por quê? Um livro didático é objetivo; carrega intenções claras, certeiras e norteadoras. Ao contrário de bem orientar, a obra parece confundir a cabeça do estudante. O tempo do programa EJA não permite que os professores, por mais que estejam bem intencionados e desejem refletir sobre a polêmica em destaque, atinem às questões presentes no livro enfatizadas no tópico "preconceito linguístico", segundo apontam as reportagens veiculadas na imprensa escrita e televisiva. A reflexão da autora é pertinente. A língua escrita é de fato um instrumento de poder, mas a discussão quanto à manutenção da força idiomática cabe às aulas nos cursos de Letras, quando o estudante, futuro profissional no magistério, precisa refletir sobre as variantes linguísticas e suas implicações na vida da população ativa, além de estabelecer apoio teórico fortalecido à futura prática docente.

Exigências -  Quero ouvir a autoraler o livro e saber quem integra a comissão que aprovou a obra voltada para o EJA, mesmo sabendo das contingências cruciais de tempo escolar dos participantes, nele incluidos os professores. O MEC delega poderes às comissões,selecionadas por disciplina escolar, portanto, a responsabilidade do veto ou sinal azul com a recomendação têm uma identidade universitária centrada no ensino da lingua portuguesa

Aqui entre nós! - Para agir com justiça e responsabilidade o MEC deve retirar o livro de circulação (caso já esteja em processo de distribuição) nas escolas e rever o poder da comissão que recomendou uma obra inadequada à perspectiva de vida melhor aos estudantes, ora matriculados em programa de aligeiramento dos estudos. Deve, igualmente, divulgar quanto gastou com a compra da obra ou quanto pretendia, caso ainda requisitasse a impressão. É dinheiro público, empregado sem a devida precaução; merece explicação detalhada. Discorda de mim, leitor?

Muita gente está colocando lenha na fogueira dessa polêmica, sem conhecer a realidade estrutural nas escolas públicas, assim como os mecanismos vigentes nos bastidores editoriais e de mando e desmando no MEC. Sou professora de redação; tenho provas da eficiência ou não das metodologias utilizadas nas escolas públicas ou particulares. A mais diagnóstica? Basta ler o primeiro texto de um vestibulando que participa do meu curso de redação. Geralmente ele expressa constrangimentos para ler em voz alta e mostrá-lo.

Até a próxima!

2 comentários:

  1. Cara Doralice,
    Não tenho informações seguras sobre o caso. Vi notícias na imprensa. Sei que algumas figuras públicas, Clovis Rossi entre elas, criticaram duramente o livro que mostra reltividade da norma culta. Pra esses críticos pergunto: pra alunos adultos, linguisticamente competentes, é proibido informar que a gramática oficial é fruto de convenções? É proibido dizer que a linguagem popular, com seus supostos erros, pode comunicar tanto e tão bem como a linguagem aprovada pela Academia? Abraço, Jarbas.

    ResponderExcluir
  2. Professores bem formados e apartidários sabem como evidenciar sem neuroses acadêmicas o caráter arbitrário e convencional da norma culta, fatia linguística de prestígio na sociedade, meu prezado amigo Jarbas.

    Do que eu sei sobre a obra já comentei no texto acima. Alguns detalhes, entretanto, não são explicitados ao público, tal como o caráter do EJA, assim como quem intermedia as instruções no livro e o aligeiramento dos conteúdos do Ensino Fundamental.

    O caráter convencional das instruções normativas do idioma não afasta a certeza da dinâmica da língua e das suas possibilidades comuncativas, meu amigo; o estudante bem orientado percebe o funcionamento e as contradições entre oralidade e a escrita; daí a importância dos exercícios de variação linguística. O ajuste progressivo acontece pelo interesse cultural e econômico: a redação no vestibular, a carta solicitando emprego, a monografia, a tese, o artigo jornalístico, etc. O problema está em como os inscritos no programa acompanharão as devidas reflexões em tão pouco tempo oferecido pelo EJA.

    Sem ler inteiramente o livro não resta muito a comentar; a imprensa noticiou o fato sem uma análise simultânea e jogou no colo dos leitores a "coisa", assim, mal explicada. Agora, corre em busca dos analistas. Paciência!


    Gostei da sua visita ilustre e sempre saudosa. Você esteve em viagem? Passarei no seu Boteco Escola para saber das novidades. Abraço bem forte.

    ResponderExcluir

Related Posts with Thumbnails