sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Redações capengas ou diligentes

Costumo advertir aos meus alunos - e aqui, também! - acerca da necessidade de articulação dos recursos textuais, quando se deseja comunicar com eficiência e distinção. A maioria compreende o recado e adota, por exemplo, a pontuação inteligente, o vocabulário farto, as citações, os dados numéricos, as ilustrações mentais ou visuais, as comparações, a objetividade, entre outros poderosos auxiliares.


Uma das minhas alunas; hoje universitária, a concatenar ideias na redação - Encontros Marcados com a Redação, Curitiba, 2010


Cultura revelada -Um texto revela o seu autor, porque as experiências variadas emergirão quando seus dedos deslizarem sobre o teclado ou firmarem o lápis ou a caneta sobre a folha em branco. Ler - ou ir ao cinema, ao teatro, interagir verbalmente com os demais e estabelecer um trajeto de articulada conversação com as riquezas culturais disponíveis pela família, escola e demais instâncias!  - faz da redação um passaporte ao reconhecimento dessa contabilidade espetacular auferida pela experiência individual.

Herança ilimitada - Ler é investimento e Escrever a sua consequência fabulosa, concorda comigo, meu querido? É roda viva ininterrupta, alternada e alimentada pela vontade pessoal de assimilar virtudes e êxito na concatenação das palavras, na direção atribuída às frases, períodos, parágrafos e texto.

Intermediar a leitura e a escrita não apenas ao enfrentamento do vestibular, mas aos diversos desafios da vida em sociedade - Encontros Marcados com a Redação, 2010

Ineficiência patrocinada - Deve ser muito triste aos pais, tanto aos que matriculam seus filhos na escola básica pública, quanto aos que pagam mensalidades na particular, depois de anos de escolaridade e de investimento, perceberem a necessária providência de auxílio aos estudantes, uma vez que estes não são capazes de escrever uma frase inteira sem cometer um equívoco ou revelar insegurança quanto ao uso de um recurso textual, como por exemplo, a concordância entre as palavras ou a inadequação do nível da linguagem.

Ninguém oferece - A demanda de trabalho é grande; quem dera um dia alguém decidisse colocar à minha disposição um espaço público em Curitiba. Tenho certeza de que poderia estender o que sei fazer profissionalmente aos milhares de estudantes - ora carentes de orientação segura quanto à dupla leitura & escrita. Continuo esperando respostas de adesão, mas elas não chegaram ainda. O meu curso funciona em sala alugada; necessito trabalhar muito para custear as despesas. Atendo gratuitamente sempre que é possível, mas se dispusesse de um espaço solidário para estender o que sei intermediar a um número maior de estudantes carentes...

Fazer o quê? - Já busquei o auditório da Biblioteca Pública do Paraná, mas há uma taxa a ser paga e não posso assumi-la; já enviei e-mails a um rol de empresas locais, mas elas não deram retorno e o silêncio traduz a indisposição de ceder, ao menos durante uma parte do dia, uma vez por semana, o auditório. Preferem, ao que parece, deixá-lo fechado ou não avistam os benefícios da generosidade. Fazer o quê, hein? Buscar patrocínio, mas sem intenções de panfletagem política ou um toma-lá-dá-cá desleal. Comigo não dá; é o bem pelo bem.

Até a próxima!

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