sábado, 6 de agosto de 2011

O (des)prestígio aos autores locais

Estou relendo o romance Chove nos campos de Cachoeira, do paraense Dalcídio Jurandir; já estou, também, com a antiga edição de Belém do Grão Pará em casa para reler e fazer as minhas anotações. São livros preciosos que encontrei no acervo da Biblioteca Pública do Paraná, prezado leitor. São, igualmente, marcos literários na ficção paraense, nem sempre destacada nas aulas de língua portuguesa na região. Lamento, mas as expressões locais, tanto aqui como lá ou  nas demais regiões nem sempre prestigiam os autores da terra.

Por que as universidades públicas do Pará não indicam Belém do Grão Pará como leitura obrigatória? arq. pessoal
Recentemente reli Chove sobre minha infância, do paranaense Miguel Sanches Neto. Livro excelente, daqueles que deveriam passar pelas mãos juvenis dos estudantes, não apenas às vésperas dos vestibulares nas universidades públicas. A vida simples tocada no interior das terras do Paraná é relatada em corrente memorialista invejável! Entre o Dalcídio, escritor paraense e o paranaense Miguel nenhuma diferença na pujança ao escrever, exceto quanto às menções locais e o tempo cronológico. Ambos recuperam dados peculiares da história local e traçam liames etnográficos espetaculares.

É fato - A lista das leituras obrigatórias, item constante nos editais dos vestibulares nas universidades públicas, entretanto, não parece fazer justiça ao escritor local. Há muito defendo a questão, meu caro leitor. Quando eu ainda trabalhava em Belém via nos textos do paraense Benedicto Monteiro( Diário do Pará) um apoio espetacular ao hábito de ler. Nossos jovens e muitos adultos não conheciam a obra do alenquerense, que tive a honra de trocar conversa, ainda nos tempos de estudante universitária e professora novata.
Reproducação da capa do livro, via Google


Sinto muito...- Uma lista com livros obrigatórios à leitura nos vestibulares nem deveria existir, é o que penso. Ler e conhecer autores antigos e modernos é uma contigência inadiável, tanto na escola fundamental, quanto nos estudos posteriores. O estudante bem poderia chegar à universidade com um acervo de leituras acumulado ao longo dos seus estudos básicos. Muitos leem apenas pela obrigatoriedade. Ler não é obrigação; é habilidade natural entre os que vivem na sociedade organizada. Professores e pais que leem fazem a diferença no quesito leitura dos filhos e alunos.

O escritor Miguel Sanches Neto está com toda a razão. Sabe por quê? Ele republica no blog a antiga crônica O autor paranaense não passa no vestibular. É uma prova inconteste da reprovação. A crônica foi publicada na Gazeta do Povo em 2003. Quer ver a lista das leituras literárias obrigatórias indicadas ao vestibular UFPR 2012 ? Clique no link a seguir; a aba voltada ao Vestibular 2012 o levará até à lista.

Veja a relação das lista das leituras  do vestibular 2012 da UFPA; ela trouxe uma novidade: incluiu os contos do desconhecido (pelo menos para mim) João Marques de Amaral. Um contraste entre as listas indicadas pelas universidades públicas brasileiras seria uma excelente prova do (des)prestígio ao autores locais. Mostraria se eles continuam sendo reprovados nos vestibulares, tal como bem observa o Miguel, ou se mereceram oportunidades. 

Interaja - Leitores de outros Estados brasileiros poderiam contribuir com informações locais sobre o tema. Aguardarei.

Até a próxima!

2 comentários:

  1. Além da falta de prestígio nas listas das leituras obrigatórias, Dalcídio foi preterido em outros assuntos.

    Ano passado o Governo do Estado inaugurou uma nova avenida em Belém e prestou uma homenagem ao escritor Dalcídio Jurandir, colocando seu nome na nova avenida.

    A homenagem não durou nem 6 meses, após a posse do novo governador do PSDB, este decidiu mudar o nome da avenida, agora é a avenida Centenário, em homenagem aos 100 anos da Igreja Assembleia de Deus...

    Marcelo Carvalho

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    1. E o pior de tudo é quem detém os direitos de publicação que não faz nada para colocar a obra deste magnífico escritor em evidência. Será que eles querem que as grandes editoras implorem para publicar Dalcídio Jurandir? Isso nunca acontecerá, posto que estas editoras só publicam autores comerciais e não é o caso de Dalcídio Jurandir. Temos que publicá-lo em Editoras pequenas do Estado do Pará e fazer uma divulgação em massa pela internet. Só assim podemos colocar em evidência esse autor que vive nos ostracismo por causa de pessoas que só pensam no lucro.

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