sábado, 13 de agosto de 2011

O bom mestre e o bom filho

Na fileira de alguns livros adquiridos em sebos tenho um carinho especial pelo Programa de Vernáculo - Antologia Subsídios Literários e Gramaticais, de Estevão Cruz. É uma antiga edição datada de 1936 e voltada às primeiras séries do antigo curso ginasial, hoje equivalentes aos dois últimos anos do ensino fundamental. É uma preciosidade, caro leitor, uma riqueza nas mãos de um professor de língua portuguesa.

No prefácio do precioso livro o mestre adverte que:

  (...) As aulas de língua devem ser vivas, criadas segundo as necessidades da classe. As aulas desenvolvidas nos livros são mortas, descoloridas, incapazes de interessar a estudantes que sempre carecem daqueles ensinamentos ou ainda não os podem alcançar.  

Observe  assim, a imprescindível preocupação do professor Estevão em atender às necessidades; não a de impor um programa ou seguir um método alheio à realidade da classe. Ah... os antigos mestres! Como sabiam exercer a função pedagógica em sala de aula.

Veja só o que encontrei como sugestão de composição ou apoio ao exercício da escrita; está à página 321, em edição da Livraria do Globo. Atente à manutenção da ortografia da época.

"Quê vem a ser um bom filho? Refletindo sôbre a resposta, encontra-se matéria para a composição.

Um bom filho é aquele que ama a seus pais. E amor aos pais não é só velar pelo seu bem-estar material, pela sua comodidade física: é sobretudo dar-lhes gôsto, honrá-los.

O bom filho dá gôsto a seus pais quando é estudioso, de excelente caráter, afável de maneiras, enfim, cumpridor dos seus deveres.

Expressões de atenção e cuidados aos pais e filhos são lições atemporais- arq. pessoal

Penso que a sugestão ou grande lição acima ainda é pertinente. Sabe por quê? Os deveres de um bom filho são atemporais, concorda comigo? Então, que tal redigir mentalmente uma composição enquanto lê o que questiono a seguir?

* Você tem sido um bom filho, caro leitor? Vejamos como o antigo mestre traça efetivamente um ótimo material à reflexão (bem ajustado às vésperas do Dia dos Pais, hein?)

* Você  tem feito expressões de amor aos seus pais? Um abraço ou um afago carinhoso ao encontrá-los? A proximidade física afetuosa lhes retroalimenta a existência. Não lhes negue expressões afetivas. Será que mantém a zanga, amuos e indisposições emocionais com seus pais? Pense na brevidade da existência, sempre.

* Você tem estabelecido evidentes preocupações com a saúde física e emocional dos seus pais? Costuma envolvê-los em rede de proteção emocionada e notadamente afetiva?

* Você tem levado aos seus pais as boas notícias do seu progresso estudantil ou profissional? Como eles ficam felizes diante das vitórias nos estudos e dos ganhos na vida em geral. Conte-lhes, sempre, dos esforços que tem feito em busca dos êxitos. Eles ficarão gratificados, asseguro-lhe.

Peço-lhe desculpas, leitor, pelo tom invasivo e emocional da postagem, mas aos pais nada é mais desolador do que o abandono dos filhos e a tristeza de vê-los em fracasso existencial. Se o leitor ou leitora já tem um (a) filho(a) saberá avaliar a verdade e a pertinência das minhas observações; se está como eu, agora sem a presença física dos meus pais, porque ambos faleceram, então, conseguirá compreender as razões do meu texto e a intensidade da minha preocupação.

Até a próxima!

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