domingo, 26 de dezembro de 2010

Ruídos? Quais?

Aqui na minha rua apenas a rara conversa dos passantes e o passar veloz do Ligeirinho, ônibus expresso de cor cinza que voa pelas ruas de Curitiba, cortam o silêncio dos últimos dias de dezembro. Não sei se a rua da sua casa está assim. A minha está silenciosa e mais parece uma ala de um sítio ou uma  chácara comovente na qual os pios dos pássaros e os ruflares alegres de asas ligeiras, aqui e ali enchem os ouvidos. Um sossego espetacular. Eu gosto - e, você, aprecia a calmaria ou está sempre em busca de um ruído para quebrar o silêncio?

A calmaria aqui é intensa; dá até para saltitar no meio da rua, enquanto o Ligeirinho não aparece ali embaixo - Curitiba,Mercês, dezembro em sossego.


Uma história, outra história e mais outra... - Fiquei até a lembrar do que dizia o querido poeta gaúcho, o Mario Quintana, este velhinho simpático que sempre está na minha mesa de trabalho e ao alcance das mãos, quando o sono ainda não chegou. Veja o que ele declara, no poema O princípio do fim:

Há ruídos que não se ouvem mais:
- o grito desgarrado de uma locomotiva na madrugada
- os apitos dos guardas noturnos quadriculando como um mapa a cidade adormecida
- os barbeiros que faziam cantar no ar as suas tesouras
- a matraca do vendedor de cartuchos
- a gaitinha do afiador de facas
- todos esses ruídos que apenas rompiam o silêncio...
E hoje o que mais se precisa é de silêncios que interrompam o ruído

Mas que se há de fazer?
muitos - a grande maioria - que já nasceram no barullho. E nem sabem, nem notam, por que suas mentes são tão atordoadas, seus pensamentos tão confusos. Tanto que, na sua bebedeira auricular, só conseguem entender as frases repetitivas da música Pop. E, se essa nossa "civilização" não arrebentar, acabamos um dia perdendo a fala - para que falar? para que pensar? - ficaremos apenas no batuque:
"Tan!tan!tan!tan!tan"

(Mario Quintana, A vaca e o hipogrifo, L&PM)

Os ruídos da sua rua, leitor - Não precisa citar nomes e nem a cidade, caso prefira a indefinição, mas será que poderia descrever os ruídos da sua rua?  Quero transformar as descrições dos leitores em destaques de postagens futuras. Quer ajudar a escrevê-las? Talvez as observações do querido poeta não encontrem ressonância. Há sempre uma surpresas no depoimento de um leitor, uma vez que ele está em lugar diferente do meu, do seu, do nosso, não é mesmo? A palavra é sua.

Até a próxima!

2 comentários:

  1. oi querida! Adorei nosso encontro, apesar de rápido e barulhento (assunto da postagem!), as nossas filhas também se conhecendo, apesar dos 12 anos de diferença entre elas, houve conexão, né? A Florinha como se esperava chegou dormindo e dorme agora enquanto eu tomo minha cerveja com chocolate!...rs... a cafeteira ta em cima da mesa e meu marido lá em cima(o ateliê dele fica em cima) gritando: "Babi faz um café!"... hahahhaha... este o ruído que escuto no momento, além de alguns poucos carros passando lá embaixo (moro no sexto andar) Ouço também uns sabiás cantando e graças a Deus não tem jogo no coxa pelos próximos dias, pois moro ao lado, encostado, grudado com o Estádio Couto Pereira...
    um abraço e até!

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  2. Eu também gostei do nosso encontro, Barbara; outros acontecerão com certeza. Desfrute de ótimos cafés com a nova cafeteira, porque ela terá melhor destino aí do que lhe ofereci aqui desde setembro de 2007.

    Até qualquer hora; beijo na Florinha.

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