Cadê os personagens reais? - Quando uma reportagem mostra depoimentos de quem olha a vida escolar sem sair do interior de um gabinete ou da sala de redação de um jornal eu desconfio. É preciso ouvir o professor, a bibliotecária, o auxiliar de disciplina, a encarregada do preparo da merenda, o porteiro, a zeladora e a direção. Omita-se o nome do funcionário, porque ele geralmente tem medo de retaliação branda ou intensa dos seus superiores, caso declare e informe as contradições do discurso político na prática administrativa escolar. O leitor está cansado dessa análise de versão única.
O que pensa a comunidade escolar do Colégio Estadual Natália Reginato sobre o aumento da carga horária ? Eu gostaria de saber - Curitiba(PR), 2010 |
A rotina escolar - Uma criança ou jovem passa na escola pública cerca de quatro horas( algum colega professor reúne um dado diferente pelo Brasil afora?) e mesmo assim os resultados são insatisfatórios. Aumentar o tempo de permanência não resolverá as questões cruciais no desempenho escolar se antes os problemas estruturais não forem solucionados. Exemplos? Falta de professores, turmas numerosas, bibliotecas capengas ou inexistentes, barriga da criança roncando de fome, indisposição e falta de hábito aos estudos, ausência da participação dos pais nas tarefas de responsabilidade familiar, más condições estruturais do espaço escolar, entre outros ligados à manutenção de um salário indigno ao professor e burocracia administrativa junto às secretarias municipais e estaduais de educação.
Soluções importadas? - Se os exemplos internacionais são bons será preciso avaliar as condições específicas daqueles países; copiar um modelo coreano, chinês ou chileno sem ajustá-lo às contingências locais é importar soluções sem prever resultados nacionais. Quem disse que uma decisão educativa funciona com ajuste a todas as situações escolares? As disparidades regionais e as contingências entre escolas brasileiras do norte ao sul ou do sudeste e do nordeste não bastam?
Será que o novo secretário estadual de educação do Pará conhece as condições da Biblioteca da EE Barão do Rio Branco?Tenho dúvidas. - Belém(PA), 2010 |
Alôô? - Dê-se a voz aos que trabalham na escola; eles dirão o que é mais urgente a fazer: consertar goteiras, carteiras, prover a dispensa da merenda escolar, nutrir o acervo da biblioteca, entre outras providências que os governos municipais e e estaduais fazem vista grossa para não avistar. Talvez... se os filhos da diretora ou do vereador, deputado, senador, prefeito e governador estudassem em escolas públicas a situação fosse outra, mas os políticos não acreditam na qualidade do ensino oferecido e temem pela segurança dos seus afetos, caso estejam nas escolas públicas. A prova dos nove está aí.
O leitor talvez esteja em meio aos preparativos das festas do final de ano, mas educação é um assunto sério e permanente. Não é possível fazer recesso de algo que interfere diretamente na vida de milhares de crianças e jovens que dependem do ensino público elementar. Logo mais secretários estaduais de educação e novos governadores assumirão as suas funções. Os problemas estão aí em permanência constante no território nacional (vide as minhas modestas fotos em registro), independente do tim-tim do final de 2010.
Até a próxima!
Boa tarde professora!
ResponderExcluirEu sou a favor da permanência na escola por maior tempo sim, mas não nas condições de hoje. O mundo ideal,ao meu ver, seria feito além das disciplinas regulares uma inclusão de 2 idiomas estrangeiros, sendo obrigatório o inglês e outro que o aluno poderia escolher. Também seria necessário pelo menos uma tarde ou manhã na semana voltada para a criação e administração de grêmios estudantis, pois assim cada aluno já teria uma noção básica de como se relacionar com os demais o tornando aberto para novas vivências em grupo. Um período também focado no desempenho do aluno, ex.: Fulano está com dificuldades em matemática, haveria um tempo na semana para ser voltado ao reforço deste aluno.
Para mim este seria um pouco do modelo ideal de ensino.