sábado, 30 de outubro de 2010

Um teste de leitura e escrita para Tiririca

Eu sempre dava muita risada das piadas bobinhas do Tiririca, mas fiquei mais tranquila quando soube (Época, out.2010) que o juiz eleitoral paulista aceitou a denúncia de analfabetismo do cidadão Everardo Oliveira, profissional do humorismo e massa de modelar na mão do partido que o abrigou no seu quadro político.




A charge do Thiago Recchia (Gazeta do Povo, 30 de out.) aumentou ainda mais a vontade que eu tenho de aplicar um teste de leitura e escrita para Tiririca - e se eu pudesse ... começaria assim:

> Escreva o alfabeto maiúsculo e minúsculo.

> Leia em voz alta o que escreveu.

> Elabore uma paragráfo(de 3 linhas) que contenha as palavras eu, eleição, habilidades, leitura e escrita

> Leia em voz alta o que escreveu.

> Leia em voz alta O texto escrito( vide o texto abaixo).

> Faça um resumo oral desse texto.

> Elabore um resumo escrito desse texto; não ultrapasse as 8 linhas.


O texto escrito

A luta que os alunos enfrentam com relação à produção de textos escritos é muito especial. Em geral, eles não apresentam dificuldades em se expressar através da fala coloquial. Os problemas começam a surgir quando este aluno tem necessidade de se expressar formalmente e se agravam no momento de produzir um texto escrito. Nesta última situação ele deve ter claro que há diferenças marcantes entre falar e escrever.
(...)
Não basta, também, saber que escrever é diferente de falar. É necessário preocupar-se com a constituição de um discurso, entendido aqui como um ato de linguagem que representa uma interação entre o produtor do texto e o seu receptor, além disso é preciso ter em mente a figura do interlocutor e a finalidade para a qual o discurso foi produzido.

Para que esse discurso seja bem sucedido deve constituir um todo significativo e não fragmentos isolados, mas sim justapostos. No interior de um texto devem existir elementos que estabeleçam uma ligação entre as partes, isto é, elos significativos que confiram coesão ao discurso. Considera-se coeso o texto em que as partes referem-se mutuamente, só fazendo sentido quando consideradas em relação uma com as outras.

(DURIGAN, Regina H. de Almeida et al. A magia da mudança. Vestibular Unicamp -Lingua e Literatura. Ed. da Unicamp. 1987. p. 13)

Vai para a escola - Você acredita que o Tiririca daria conta desse teste? Eu não, sobretudo da interpretação e escrita do resumo, mas os alunos que estão na oitava série da escola pública ou particular conseguem com algum esforço. Tenho a impressão de que o teste será muito fácil e aprovarão o candidato de um modo ou de outro, ainda mais depois da pendenga entre os advogados que cuidam do caso. Eu não não tenho dúvida do que eu faria, caso estivesse na pele dos que avialiarão o Tiririca com relação às habilidades de leitura e escrita: eu recomendaria a diplomação do candidato, caso ele  atendesse pelo menos 50% do proposto acima, mas que estivesse atrelada à matrícula em uma escola pública, lá de Brasília. A conferir, não é mesmo?

Até a próxima!

6 comentários:

  1. Puxa, pegou pesado com o Tiririca hein? rsrs... brincadeiras à parte, também concordo com você. Como um deputado federal pode ocupar um cargo tão importante sem ter o básico de leitura e escrita? Isso é inconcebível!

    ResponderExcluir
  2. Requisitos básicos; se não os tem será preciso dar adeus ao cargo. Imagine o drama...

    Abraço, Marcella.

    ResponderExcluir
  3. E se a gente punir que deixou o Tiririca nessa situação? Na condição de analfabeto estão milhões de brasileiros. Às vezes penso que punimos duplamente as vítimas, não? Acho lamentável tudo isso. Tanto pelo Câmara Federal como pelo cidadão analfabeto.

    ResponderExcluir
  4. O Tiririca não é um anônimo, Tania; os responsáveis pela candidatura do cidadão estavam cientes do feito e das consequência possíveis. Não vejo a situação com peninha.

    Negligenciar as condições de escola para todos é um fato à parte; merece punição o governante omisso, mas permitir que um cidadão sem as condições básicas de leitura e escrita empreenda a caminhada eleitoral é uma palhaçada - e usar o voto para estabelecer um conflito entre as exigências uma irresponsabilidade do eleitor. É uma situação excepcional; merece análise exclusiva e aponta uma direção inevitável: exigir de todos os candidatos um teste de leitura e escrita, aplicado pelo especialista da área.

    ResponderExcluir
  5. Não acho que se trata de pena. Mas, como vc mesma reconhece, alguém jogou com isso. E esse alguém certamente não é analfabeto. Acredito que ser analfabeto não foi uma deliberação de Tiririca. E na situação dele temos milhões. Essa situação toda só serve para mostrar como os que lidam diretamente com a política transforma tudo em palhaçada mesmo. O que é muito lamentável!

    ResponderExcluir
  6. Acompanhemos o caso, Tania; vejamos como a Justiça Eleitoral lidará com a situação.

    ResponderExcluir

Related Posts with Thumbnails