As crianças brasileiras ouvem desde bem cedinho a conhecida cantoria de : " Comer, comer, comer, comer... é o melhor para fazer crescer..." - e eu, você e todos um dia criança, mãe, pai ou professora já cantarolamos o versinho musical anteriormente lembrado.
Comer? Um verbo bem alegre - Eu adoro a boa comida; na minha região amazônica a comida é em muitos lares o centro da atenção - e a cozinha o lugar de conversa e de encontros bons e difíceis, especialmente quando há pouco dinheiro. Os pais trabalham para "colocar a comida na mesa" e o esforço se distribuirá certamente em outros setores da vida familiar. É comum a frase e a distribuição desses esforços em prol da satisfação com o estômago e com a responsabilidade administrativa doméstica, você concorda comigo?
Gostosuras à disposição - Aqui em casa, infelizmente, nos últimos tempos o preparo dos alimentos tem sido mais reduzido - e as minhas idas à cozinha estejam bem ligeiras, embora eu tenha ali no congelador: postas de carne assada, porções de carne moída, ensopadinho de frango, bacalhau refogado, feijoada e até amostras do exótico rol de iguarias do meu saudoso Pará, como maniçoba e pato no tucupi. Todos esses alimentos foram preparados por mim, exceto os amazônicos, trazidos no kit paraense,fraternalmente bem preparado no dia do meu retorno à capital paranaense.
Novas contingências - O motivo da pouca circulação em torno da mesa? Minha filha agora precisa ficar mais horas na escola e argumentou ser mais produtivo e menos cansativo ficar " por lá mesmo e comer alguma coisa, ali perto da..."; eu fiz objeções, mas os filhos, quando chegam aos 15 anos têm nos lábios uma verdade incontestável. Já estive com 15 anos e sei condescender diante da nova contingência. É uma questão diplomática atemporal dos pais; tento acertar o passo, sempre - e você? Faria o mesmo? Tem alguma boa sugestão?
Desfrutar de um delicioso vatapá assim (com bônus em camarão!!) é alegria apenas concedida, quando se está em família - Antes que seja tarde demais, 2010 |
O quadro atual - O resultado disso tudo é que temos almoçado menos vezes em casa, exceto nas raras ocasiões domingueiras ou quando alego a saudade da nossa conversa demorada, lá na mesa da cozinha. Com você também acontece assim, prezado leitor? Estive em Belém recentemente e ainda vi meus sobrinhos voltando para almoçar a maioria das vezes durante a semana. Será que os apelos saborosos da mesa paraense são mais tentatores? Será que o movimento rotineiro de escola e trabalho obedecem ditames especiais, bem diferentes daqui da capital paranaense? Um bom tema para pesquisar lá e aqui.
História de saudade familiar - Tenho, entretanto, caro leitor, muita saudade do tempo familiar em volta da grande mesa. Meu pai e minha mãe, lá nas nas cabeceiras e a filharada distribuida nos dois bancos corridos de madeira. Está na memória inapagável desta professora, mas a minha filha não conheceu esse quadro - e, quando a gente não conhece algo é preciso mostrar, relembrar e apontar as vantagens nele presentes. É uma regra. Vale para tudo nesta vida.
Aceite-0, por favor! - Faço-lhe um convite, caro leitor: tente reunir mais vezes os familiares em torno da mesa doméstica. Não importam os que sejam contra; eleja, ao menos um dia na semana para que essa tradição espetacular não desapareça. Aqui em casa somos, quando nos reunimos, apenas três pessoas, mas na minha memória de menina e adolescente, éramos mais do que um time de futebol; isto sem contar com os primos e os visitantes do interior que chegavam até Belém diante de inúmeros motivos - e em casa ficavam abrigados. O esforço em manter a tradição das reuniões familiares em torno da mesa certamente será recompensado. Seus filhos e netos serão os beneficiados. Pode acreditar.
Até a próxima!
já houve um tempo em que comer, mais do que necessidade vital, era um ritual e um motivo de reunião. A correria atual, a rotina e os compromissos distintos de cada membro da família impedem que isso aconteça sempre, restando a negociação de domingo para que haja uma convergência à mesa.
ResponderExcluirNos daremos conta da importância desses momentos.
Quanto às postagens anteriores, penso que despertaram interesse, ainda que não tenham sido comentadas ( "O poço do Visconde", entre outros da coleção infantil do Monteiro Lobato também é ótimo).
Abraço.
As suas observações contribuem aos temas, Adhemar; grata pela gentileza.
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