Diante da multiplicidade de ervas a flor, em celebração festiva visual, desponta no jardim- arq. pessoal |
Minha mãe, muitos sóis e muitas luas já rolaram sob a infinita ausência,
e nem um dia só deixei de recordar-te e de, calado, murmurar por ti,
Do outro lado da vida vem -me o amargo alimento
de que se nutrem alma, solidão e pensamento,
o amargo alimento de que se nutrem para alcançar
as graças de que nem sei que final anunciação.
Na treva ou na luz, acordado ou dormindo,
recebo do fundo de mim o doloroso alimento.
Ele enche de sedes sem água a minha fome
e de pedrento sal a minha boca que arde.
Mas verte-me sangue no convulso coração
e dá forçaa à insubstituível, à termitante tristeza
para vestir, cada manhã, os mesmos lutos fiéis, renovar o pesar, o desconsolo, o cansaço de ser,
e desfazendo o novelo do tempo já enrolado,
recomeçar na vigília, a desesperança e a espera,
lá fora na noite inabitável,
com o mesmo parado olhar,
cheio de escuros, de montanhas e de mar.
( Ebdgar Renaut, Fidelidade -Antologia de Sonetos para Juventude, Ediouro, p. 25)
Já reparou? - Compartilhar poemas é um dever dos jornais, revistas e páginas na internet. A juventude ignora a matiz, a sinuosidade dos versos poéticos, inclusive na escola. Imagine, leitor, se aparecer um poema para interpretar, por exemplo, na prova de Compreensão e Produção de Textos nos vestibulares ou ali, no Enem? Já imaginou a falta de familiaridade com tal tipo de expressão linguística? Examine a edição de hoje de um jornal local e a página cultural que ele conserva; será que avistou um poema? Comente comigo, por favor! Dê-me a prova da necessidade de transcrever mais poemas, aqui no NaMiradoLeitor.
Acolha a minha sugestão - Que tal ler em voz alta os versos acima para melhor apreciar as variações inflexivas da expressão poética? Poemas são como flores; eles aparecem em meio ao vozerio dissonante das variedades expressivas da língua escrita. Precisam de maior popularização, sobretudo quando são muito bons. Concorda comigo, leitor?
Até a próxima!
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