terça-feira, 12 de abril de 2011

Com Belo Monte até o cemitério afundará, em Altamira

Imagem de Altamira, no PA, obtida no blog sosriosdobrasil

Lamento até imaginar a ação que dá o título à postagem; fico muito entristecida e estarrecida. O que você sentiria se o local onde os seus antepassados têm a última morada fosse tragado pelas águas do Xingu, uma vez que a construção da Usina de Belo Monte colocará grande parte da cidade paraense de Altamira no fundo?

Temores - Eu tremo quando penso nas consequências desse projeto de aproveitamento hídrico descomunal e fabuloso, sob o ponto de vista da engenhosidade humana, mas que ignora a cadeia de desastres ao ambiente e à história da região. Sei que as opiniões estão divididas, mas acompanhar de perto, sem desviar das obviedades, parece ser uma atitude prudente. Eu tento manter boas condições de informações, sobretudo locais, imersas na região, uma vez que a pimenta arde no lugar devido...


                    " Não adianta dizer que só a área é afetada, o entorno também é. Altamira vai para o fundo, não se sabe dizer o quão fundo ela vai.  273 espécies de peixe desaparecerão e o governo federal diz  que as comunidades indígenas e ribeirinhas não serão afetadas pela hidrelétrica. Me desculpem a franqueza, mas não é sério um governo que diz isso", conforme declara o Procurador da República, no Pará, Felício Pontes, segundo a reportagem Belo Monte é tragédia, do Jornal Amazônia, de 8 de abril de 2011.


Trapiche na orla do rio Xingu, foto de Euzivaldo Queiroz, do blog Transamazônica 40 anos


Diga lá! - O leitor, residente na Amazônia ou qualquer lugar no mundo, pensa igual ao Procurador da República Felício Pontes ou acredita nos benefícios da construção de Belo Monte, sem que as 40 condicionantes sociais(OAB-PA) sejam levadas em consideração? Pense e comente, se puder. O tempo nos gabinetes administrativos difere do tempo do leitor e do cidadão atento.

Uma pergunta inquietante: qual é a imagem que a mídia tem divulgado da população de Altamira? Você recorda bem? Pobreza, pobreza e mais pobreza. O que faz a  prefeitura local, aliás, o que pensam o prefeito, os vereadores, os estudantes, os professores e blogueiros de Altamira? Belo Monte é a promessa de vida boa e próspera, segundo a vibrante defesa que leio nas reportagens. Será mesmo? Li recentemente Belo Monte: um barril de pólvora..., na revista Veja, mas sem as versões que a realidade costuma apresentar nenhum leitor poderá ajuizar absolutamente nada. A injustiça gosta muito do silêncio dos envolvidos, o que eu temo demais.

Até a próxima!

2 comentários:

  1. Dora, como sempre a preocupaçao dos Governos nao tem relaçao com o que pensa o deseja a populaçao. Penso que uma populaçao mais ¨educada¨ além de eleger governos teoricamente mais coerentes também cobraria açoes e praticas mais coadunadas com os interesses da comunidade e dos eleitores. É uma pena que os menos beneficiados serao os mais atingidos!

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  2. Pois é, Marcelo, mas a população 'educada'dificilmente faz eco aos problemas sociais; o tema Belo Monte está agora para a maioria com o mesmo destaque que tinha a escola municipal de Resende, no RJ, antes da tragédia. Captou, prezado leitor?


    Alegro-me com a sua visita, leitura e comentário; volte sempre. Sinto falta de interlocutores mais ativos, que comentam e acrescem de sentido o tempo dispendido à postagem, mesmo em total discordância temática. Nada como um bom argumento para "animar" uma conversa no blog e na vida comum. Sem brigas, sem ataques pessoais, sem linguagem chula ou frases sem sentido.

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