No quintal do Hotel Farol o hóspede encontrará a dupla de galos acima; impossível não fotografá-los- Ilha do Mosqueiro, Pará, out. 2010 |
de João Cabral de Melo Neto
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, ente todos os galos.
E se incorporando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
Observe - Você reparou que o poeta não conclui as ideias? É um recurso poético ou um modo, talvez, de permitir ao leitor a interação generalizada. Eu gosto. Você discorda?
Até a próxima!
Nenhum comentário:
Postar um comentário