quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Um conto de Natal

Leia, prezado leitor,  enfrente o trecho destacado em itálico a seguir; não se arrependerá de buscar o conteúdo integral, caso deseje ler os três contos. Charles Dickens é excepcionalmente um dos escritores mais lembrado nessa época natalina. É, sem dúvida, um dos meus preferidos narradores. Eu fiquei ainda mais afeiçoada ao texto desse contador de histórias, quando ia ao longo da adolescência assistindo os filmes de Frank Capra, outra figura que exalta a esperança e a crença na bondade humana, dupla da qual nutro grande simpatia. Confira:





"(...) Certo dia, um dos mais lindos do ano, a véspera do Natal, o velho Scrooge encontrava-se em seu escritório, trabalhando.

 O frio era agudo e penetrante. Uma névoa leitosa embaçava os vidros das janelas. Enquanto escriturava a sua contabilidade, Scrooge ouvia os ruídos que faziam as pessoas que iam e vinham, no beco onde se encontrava o seu estabelecimento.
Elas tossiam, esfregavam as mãos e caminhavam apressadamente, batendo os pés nas pedras do calçamento, para aquecê--los.
(...)
Assim estavam as coisas quando uma voz jovial quebrou o silêncio no escritório:
- Feliz Natal, meu tio! E que Deus o abençoe!
Era o sobrinho de Scrooge e sua entrada foi tão imprevista e intempestiva, que o cordial cumprimento foi o único a anunciar-lhe a chegada.
-Que idiotice! Natal feliz, benção de Deus! Que idiotice! Tudo isso são bobagens!- Sibilou Scrooge erguendo a cabeça.
O rapaz, que por certo viera caminhando apressado, no meio do nevoeiro gelado, tinha o belo rosto corado pela circulação ativada e por uma excitada alegria. Enquanto falava, uma nuvem de vapor saia de sua boca vermelha, entreaberta num cordial sorriso.
- O senhor acha que o Natal é uma idiotice, meu tio? Nao foi isso exatamente que o senhor quis dizer, não foi?
E, ao perguntar, seu hálito quente fez formar, outra vez, uma pequena nuvem de vapor.
-Ora! - Scrooge replicou com aspereza, - Feliz natal, por quê? O que sabe você de felicidade? Você é um pobretão! Que direito tem de estar alegre? Pobre como é, você nem devia falar em felicidade. E nem dar-se a essas expressões de alegria.

( Dickens, Charles, TRÊS ESPÍRITOS DO NATAL - Contos, Prefácio e tradução de Wallace Leal V. Rodrigues, Casa Editora O clarim)

Você conhece algum texto com temática semelhante? Compartilhe a direção; mencione a fonte. Há uma bela e comovente história no cinema transformada pelo gosto do público em filme natalino. Ele está na lista dos filmes que o meu amigo Marden Machado organiza diariamente; é também, querido leitor, um dos meus preferidos. Que tal pegar o dvd de A felicidade não se compra, de Frank Capra e assistir com a família nesses dias de dezembro? A maioria das pessoas sente vontade de ser melhor e viver em paz com os demais depois de assisti-lo. Vá por mim; reúna as crianças, os avós; chame alguns amigos,  um vizinho solitário, o namorado e toda a gente de paz e de boa-vontade.

Até a próxima!

Um comentário:

  1. olá, Doralice!
    Lembrei-me de um conto da Lygia F. Telles: Natal na barca. É simplesmente lindo! Uma grande lição de vida..
    abçs

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