domingo, 9 de maio de 2010

O que tem de almoço, mãe?

Minha mãe não vai mais à cozinha como antes. A dona Maria Luiza está com 91 anos e suas mãos, embora toquem lindas canções no teclado do piano, ficam trêmulas para preparar aquele delicioso filé acebolado que tanto nos encanta. A sorte é que aprendi a fazer essa comidinha de mãe e minha filha certamente saberá prepará-la, quando necessário.

Sem poder resistir - Sempre fugi do apelo comercial e da comemoração piegas que a maioria das datas festivas assinala, mas gosto do Dia das Mães, talvez porque agora sou uma delas. Na foto em destaque compartilho com você um registro daquela que me educou verdadeiramente para a vida de ais, ufas e pouquissimos obas. Na fotografia, feita recentemente quando estive em Belém, minha mãe aparece ao lado de uma das minhas irmãs, o anjo guardião da família e exemplo de invejável fraternidade.

Qual a comida de mãe que você mais gosta/va?  As respostas vieram dos meus interlocutores, lá no Twitter, mas você também poderá responder, caso deseje interagir comigo neste domingo, dedicado às mães. Confira algumas respostas que recebi:

  "Ah! A lasanha que a minha mãe faz é imbatível. O bolo de fubá também..."
                                               (Alessandro Reis, jornalista)

"O inevitável feijão com arroz, bife, ovo frito e batatinhas fritas."
                                      (Nereu Augusto Ganter, advogado )

"Carne de panela derretendo na boca."
          ( Cilmara Castilho, banqueteira)

" Bife a milanesa."
(Marcelo katsuki, jornalista e blogueiro de comes e bebes)


São da poetisa paranaense Helena Kolody os versos que você lê em destaque abaixo; as mães parecem sempre elevar suas vozes para rogar ao Criador diariamente em:

Prece
Concede-me, senhor, a graça de ser boa,

De ser o coração singelo que perdoa,

A solícita mão que espalha, sem medidas,

Estrêlas pela noite escura de outras vidas

E tira dalma alheia o espinho que magoa.

Corra para o abraço - Espero que o leitor possa ainda abraçar a sua mãe e se não dispõe mais dessa possibilidade imperdível possa cumprimentar as mães mais próximas. Há muito a considerar e a prestigiar na abençoada função materna, concorda comigo?     
 
Quer treinar a escrita? Broncas, advertências e carinhosas atitudes são durante anos seguidos enviados pelas nossas mães. Quando o tempo passa e nos tornamos adultos  sobressaí o carinho, muitas vezes expresso naquela comidinha "de mãe", não é mesmo? Que tal aumentar aqui a lista ?  
   
A receita do filé acebolado segue aqui, caso deseje alguma dica de preparo é só perguntar. Não sou aquela perfeição na cozinha, mas os que já comeram esse filé  não têm queixas. Infelizmente não disponho de uma fotografia no arquivo pessoal para ilustrá-lo, mas prometo tomar as devidas providências.
 
Ingredientes:
>  1 kg de filé bovino
> 1 cebola grande cortada em fatias bem fininhas 
> 3 dentes de alho bem picados
> 1 pimentão médio em tiras bem grossas
> 2 tomates médios (cortados em tiras apenas na hora da fritada do filé)
> sal, pimenta e cominho, duas colheres de sopa de vinagre e manteiga para dourar a carne
 
Modo de preparo - Na véspera prepare a vinha d'alhos(a mistura de alho, pimenta, sal, cebola e vinagre) e envolva a porção de carne. Guarde na geladeira em vasilhame bem fechadinho.
 
Na hora de preparar o filé -  Retire a carne da vinha d'alhos e deixe que todo líquido seja escorrido(suas mãos podem ajudar nessa tarefa). Passe uma camada de manteiga no filé para deixá-lo protegido. Com o fogo brando coloque dentro da frigideira a carne para que forme uma capinha. Vire o filé com a ajuda de um garfo. Repita a providência até a carne que esteja "no ponto desejado"( mal/bem passada). depois dessa etapa retire o filé da frigideira e reserve. Coloque um pouco de óleo na frigideira; deixe esquentar e aos poucos distribua os temperos da vinha d'alho acrescentando também os tomates. Misture bem. Tampe a frigideira para que os temperos refoguem inteiramente. Quando perceber que  o refogado está do seu gosto é a hora de colocar a carne no meio da fritada.  Em três minutos o filé acebolado está pronto para ser servido. A quantidade satisfaz quatro pessoas.

 
Acompanhamentos  - Na minha família, quando mamãe fazia esse filé, tínhamos na mesa: uma travessa de arroz, farofa feita na manteiga, uma saladinha básica e purê de batata inglesa; na sobremesa porções generosas de açaí ou uma torta fria de cupuaçu ajudavam a tornar aqueles almoços em família inesquecíveis.  Até a próxima!
 

4 comentários:

  1. Lembro sempre de um conto de Malba Tahan que fala sobre o amor de mãe.Resumindo muito: Ele conta que um sultão casou-se com uma jovem que amava muito, porém após voltar de uma viagem encontrou-se com a anjo da morte que vinha buscá-la.Desesperou-se e implorou ao anjo que a poupasse, recebendo dele então uma oferta:"Você é jovem e tem ainda 40(não lembro o tempo)anos de vida pela frente, proponho-lhe que divida esses anos com sua amada e viva com ela durante 20 anos."Diante de tal proposta o sultão pediu um tempo ao anjo para avaliá-la, pois era necessário abrir mão de parte da própria vida. Assim foi feito e, na data marcada o anjo voltou para saber a resposta do sultão, que acabou aceitando o acordo.Estavam felizes e a esposa engravidou, tiveram um filho.Porém, após voltar de outra viagem o sultão encontrou sua amada sem vida, chamou o anjo e blasfemou contra ele e contra a injustiça do rompimento do acordo, ao que o anjo respondeu:"Seu filho foi acometido de uma doença mortal e, quando vim buscá-lo, sua esposa interferiu.Nesse momento propus a ela o mesmo acordo que fizemos e, ao contrário de você que teve dúvidas em ceder metade da sua vida, ela não exitou nem por um segundo em abdicar de toda a vida dela em favor do seu filho."Ilustra bem o tal "amor de mãe", feliz dia das mães à todas!

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  2. Obrigada pela contribuição ao tema de hoje, Junior. Esse tal "amor de mãe" é verdadeiro e o resumo do conto de Malba Tahan ilustra bem o amor materno. Você e todos os filhos observadores poderão avistar os pequenos gestos diários que exemplificam a extensão e os objetivos das mães, sem evidentemente deixar de atentar aos desequilíbrios comportamentais que alteram a natureza amorosa e serena das mulheres diante dos seus filhos.

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  3. Tudo que Mamãe fazia era gostoso,até nos tempos de "vacas magerrimas"quando nos enganava com um picadinho de repolho,parecia que era de carne kkkkk.Hoje o habito da fazer o café,de coador de pano, e deixar o aroma invadir a casa me faz diariamente voltar a ouvir as vozes dela e dos irmãos,a briga pelo unico banheiro da casa,pela Tv na hora do "ODorico",da maquina de costura Singer,ou o cheirinho da Seiva de alfazema.A idade pra min tem sido sempre acompanhada de uma gostosa nostalgia.

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  4. Lembrar com alegria, carinho e gratidão da figura materna estabelece a recompensa pelos esforços envidados em prol dos filhos. Obrigada pelas emotivas observações, Doris. Com o passar do tempo todos vamos adotando o tom de nostalgia, mas que ela seja dinâmica, não aquele chororô de saudade que não é otimista, empreendedor de emoções renovadas. Abraço.

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