quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Vida de pato, marreco e de eleitor

Aqui em Belém as famílias tradicionalmente fazem da festa religiosa local mais famosa, o Círio de Nazaré, uma caçada aos patos, porque o delicioso prato de pato no tucupi não poderá ficar ausente da mesa, no segundo domingo de outubro, quando acontece a romaria, aquele trajeto gigantesco formado pelos romeiros que seguem, em cortejo, a venerada imagem de N.S.de Nazaré. A contradição avistada, exatamente na hora da mesa, entre os que não comem carne e não são católicos salta aos olhos e abre os ouvidos, mas não quero entrar no mérito, nem da crença ou do regime alimentar. Tais polêmicas, quando não admitida a liberdade individual, descambam às discussões tolas, sem acréscimos, além do ar de chateação que podem provocar entre os envolvidos.

Integrados à paisagem local as garças, os patos e marrecos encantam aos visitantes -Belém, Mangal das Garças, 2010





Costume, sobrevivência e disputa entre as espécies - Entendo a festa e admito a matança da ave em solo paraense e gosto de saborear o delicioso pato no tucupi - mistura inigualável de pato assado, tucupi (caldo fervido do sumo da mandioca) e folhas de jambu - acompanhado de arroz e farinha de mandioca. Quem já provou essa maravilha da mesa paraense, após desfrutar da iguaria será capaz de rezar e de ficar de joelhos, a implorar aos céus e à dona da casa, uma nova porção dessa gostosura. Mesmo sem professar a religião dos santos e santas.

Jogar no caldeirão fervente - Diante da proximidade da eleição e da certeza de que estarei "em trânsito" faço-lhe um apelo, prezado leitor: não sejamos patos e nem marrecos, mas sim lebres e coelhos. Fujamos da conversa mole e teleguiada; atinemos ao panelão de água fervente a nos esperar no próximo dia 3 de outubro. Tomemos o lugar do(a) cozinheiro(a) e joguemos  dentro desse caldeirão estadual e federal os candidatos que de fato merecem o tratamento oferecido aos patos e marrecos, em sacrifício cultural. Você considera muita maldade desta eleitora? Eu não. É o meu direito levar ao panelão de água fervente quem de fato merece ser traçado, digerido e mais tarde jogado no vaso sanitário.

Até a próxima!

Um comentário:

  1. Água fervente neles. Falta-lhes, à maioria, fazer um link entre voto e obrigações com a comunidade que os elege.A ficha limpa, enquanto lei, está emperrada, porém não precisamos de lei para votar em candidato "ficha limpa".

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